Mulheres que transformam: histórias de coragem e empreendedorismo no Ceará
21 de novembro de 2025 - 16:34 #Ceará #crescimento #empreendedorismo feminino #Jucec #Mulheres Líderes

No Ceará, as mulheres seguem ampliando a presença no mundo dos negócios e deixando marcas profundas no empreendedorismo em todas as regiões do estado. De acordo com dados da Junta Comercial do Estado do Ceará (Jucec), de janeiro a outubro de 2025, 47.832 mulheres abriram empresas no estado, um crescimento de quase 20% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registradas 40.194 novos negócios.
No total, o Ceará registrou 123.409 novos registros entre janeiro e outubro de 2025, sendo 38,75% com liderança feminina, uma participação que evidencia força, protagonismo e determinação.
E essa presença é crescente: hoje, o estado conta com 211.580 empresas ativas com mulheres na composição societária no setor de serviços; 150.608 no comércio; e 42.227 na indústria. Os números revelam o que as histórias confirmam: liderança, estratégia e sensibilidade transformam realidades.
Entre essas trajetórias, três caminhos se cruzam pela coragem, pela reinvenção e por uma rede de apoio que faz diferença: Brenda Moura, Helena Ferreira e Thamara Abreu. Todas vivem suas jornadas empreendedoras no município de Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza, e encontraram acolhimento, incentivo e formação no Instituto Move Marias, que acompanha mulheres em situação de vulnerabilidade para fortalecer autonomia, qualificação e geração de renda.
Essas são histórias de quem transformou necessidade em coragem, dúvida em movimento e oportunidade em futuro.
Quando o legado encontra novos olhares
A ótica já fazia parte do cotidiano de Maranguape havia mais de três décadas. Era um negócio familiar consolidado, desses que crescem junto com a cidade. Quando surgiu a chance de assumir a loja, há cerca de dois anos, Brenda Moura e o esposo decidiram comprar tudo e continuar o legado, mas imprimindo novos rumos, modernização e identidade.
“Apareceu a oportunidade, nós compramos a ótica e aí, sim, eu dei o primeiro e maior passo no ramo do empreendedorismo”, conta.
Brenda também é responsável pela divulgação, pelo atendimento e pela gestão da loja. Formalizada como MEI, ela já planeja avançar para uma nova etapa do negócio.
“Nós somos MEI, mas já batendo no teto para passar pra Microempresa. É uma realidade que é boa, porque você sair do MEI para ME, é um passo importante da sua empresa e significa que você está crescendo”, revela.
Com o apoio do Instituto Move Marias, Brenda encontrou orientação e segurança para avançar. Hoje, prepara a transição da ótica para microempresa, ajusta processos e se capacita para acompanhar o crescimento.
“Às quartas-feiras, a gente tem uma oficina do grupo ‘Empreender’, no instituto. Lá, as meninas sempre buscam trazer palestras, conhecimento para que a gente consiga aprofundar e cuidar melhor do nosso negócio”, conclui.
Recomeçar aos 44: idade não é limite para Helena Carneiro
Quando os filhos concluíram o ensino básico, Helena Carneiro decidiu que era sua vez. Aos 44 anos, voltou a estudar e encontrou no empreendedorismo a ponte para realizar um sonho que sempre parecia distante.
“Eu trabalhei por muito tempo com representação comercial, por 25 anos, mas sempre tive vontade de ter uma formação. Quando meus filhos concluíram o ensino médio, eu pensei: ‘agora é minha vez’.
Comecei a estudar podologia com medo, achando que talvez eu já tivesse passado da hora… mas nunca é tarde para sonhar e, principalmente, realizar”, lembra.
O primeiro atendimento foi na sala de casa, em um espaço improvisado. A clientela cresceu rápido. Hoje, Helena administra sua própria clínica de podologia, que também oferece salas para profissionais da saúde como psicólogos e nutricionistas.
O suporte do Instituto Move Marias foi determinante para estruturar o negócio, organizar atendimento, fortalecer a divulgação e ampliar a visão empreendedora.
“Muitas mulheres na minha idade têm receio de realizar os sonhos. O que eu quero deixar de mensagem é que não existe idade, existe a força de vontade, o sonho e a coragem, porque às vezes você tem o sonho, mas não tem a coragem de executar. Quero que outras mulheres de 40+, 50+, 60+ olhem pra minha história e entendam que idade não é limite. A gente tem tempo, força e capacidade de começar de novo quando quiser”, reforça.
O que Helena pretende, a partir de agora, é transformar sua clínica em microempresa e continuar crescendo como empreendedora.
“Eu consegui construir meu próprio espaço. Hoje, sou formalizada como MEI, mas pretendo crescer cada vez mais”, conclui.
Thamara Abreu: transformar com as próprias mãos
A história de Thamara Abreu começou por necessidade e virou oportunidade. No início, ela vendia roupas pelo celular, e, quando pensou em abrir a loja física, foi surpreendida pela pandemia da Covid-19.
“Mas a pandemia não me abalou. Mesmo com tudo fechado, eu abri a minha loja, porque eu queria ter meu espaço. E, até então, está dando certo”, revela.
Com incentivo do Instituto Move Marias, onde recebeu acolhimento, formação e orientação para estruturar o negócio, Thamara ampliou o espaço, adquiriu mais conhecimentos e foi entendendo que deveria começar do jeito certo.
“Eu sempre quis iniciar formalizada, era a única certeza que eu tinha, por saber da importância e da garantia de segurança que eu teria. Criei meu CNPJ como MEI e, agora, tenho orgulho de dizer que já transformei meu negócio em microempresa”, comemora.
Empreender é transformar; e transformar-se
As trajetórias de Brenda, Helena e Thamara mostram que o empreendedorismo feminino tem muitas faces: a continuidade de um legado, o recomeço depois dos 40, a reinvenção diante da necessidade.
A Jucec segue atuando para simplificar processos, ampliar a segurança jurídica e facilitar a abertura e transformação de empresas, impulsionando o empreendedorismo feminino no Ceará.
O presidente da Jucec, Eduardo Jereissati, destaca que a força econômica das mulheres empreendedoras é um reflexo direto da capacidade de inovação, resiliência e visão de futuro presentes em todas as regiões do Estado.
“Quando olhamos para o crescimento do empreendedorismo feminino no Ceará, enxergamos muito mais do que números. Enxergamos histórias de coragem, de reinvenção e de liderança. Na Jucec, trabalhamos para garantir que esse caminho seja cada vez mais simples, seguro e acessível. Queremos que mais mulheres se vejam capazes de empreender, de gerir suas empresas e de ocupar espaços estratégicos no mercado”, comenta.
Cada uma dessas histórias confirma o que já se vê nos números: quando uma mulher decide empreender, nasce mais do que um negócio, nasce uma nova possibilidade, um futuro reescrito pelas próprias mãos.